Bitcoin é um ativo seguro em caso de crise econômica?

Bitcoin é um ativo seguro em caso de crise econômica?

By Ruchi Gupta - min. de leitura
Atualizado 02 junho 2020

homem segurando uma critpomoeda com a mão no queixo pensando

Enquanto o mundo está se aproximando de uma próxima crise econômica, o Bitcoin está se tornando a escolha preferida para investidores que veêm a criptomoeda como um ativo de segurança. Então vamos analisar se o Bitcoin é realmente um ativo de segurança durante uma crise econômica.

O Bitcoin é um ativo digital descentralizado não regulamentado seja por banco central ou governo, pode ser enviado de usuário para usuário sem intermediários, mas com certos custos de transação que nem se comparam aos cobrados por bancos ou outras plataforma que oferecem esse tipo de serviço.

A criptomoeda foi criada durante a crise financeira de 2008 por uma pessoa desconhecida ou um grupo usando um pseudo-nome Satoshi Nakamoto.

História Bitcoin

Desde o primeiro dia de seu lançamento até hoje, o Bitcoin percorreu uma longa estrada. Há uma famosa citação de Gandhi, que se encaixa perfeitamente na trajetória do Bitcoin:

“Primeiro eles te ignoram, então eles riem de você, então eles lutam, então você vence!”

Esta citação é extremamente aplicável para Bitcoin, mas até agora está em fase de luta.

Em 2009, quando o Genesis Paper foi lançado, a maioria das instituições o ignorou. Infelizmente houve muitos ataques hackers e isso fez muitos do mercado financeiro tradicional desacreditassem do Bitcoin.

Há inúmeras justificativas sendo divulgadas para denegrir a imagem do Bitcoin. A criptomoeda tem sido criticada por ser usado em transações ilegais, alto consumo de eletricidade, volatilidade de preços, roubos nas exchanges e alguns grandes nomes acreditam que não tem valor intrínseco e pode levar a um desastre.

Apesar de todas as críticas, o Bitcoin conseguiu ganhar um enorme valor desde o preço inicial de US$ 0,01 até o seu máximo histórico de US$ 20.000 no final de 2017. Depois de vários altos e baixos, o Bitcoin deverá se beneficiar instabilidades políticas que podem levar o preço do BTC a subir e talvez ultrapassar a zona de US$ 20.000 nos próximos meses.

Recentemente, o Bitcoin passou a ser visto como um “ativo de segurança”. Veremos com este artigo algumas características identificadas na primeira criptomoeda que mostram que o Bitcoin é capaz agir como ativo de segunraça e proteger durante a volatilidade de uma crise financeira.

Crise Econômica e o Bitcoin

A economia mundial não está indo muito bem. A instabilidade do sistema financeiro tradicional sinaliza outra crise financeira até 2020. Cenário complexo atual indicando os próximos elementos da crise econômica incluem guerras comerciais dos EUA com a China e outros países, restrições à migração, investimento estrangeiro direto e transferências de tecnologia, esses acontecimentos podem ter profundas implicações para as cadeias de suprimentos globais, ao mesmo tempo em que aumentaria o risco do baixo crescimento devido a alta inflação. Vale destacar que o euro e a economia britânica também estão enfrentando o desafio do Brexit e os déficits orçamentários.

Recentemente, o Federal Reserve reduziu suas taxas em 25 pontos, apesar de ter uma economia mais forte e a menor taxa de desemprego em décadas. Embora haja certas especulações de que, o FED pode cortar mais 2 vezes as taxas até o final de 2019, mas ainda é bastante incerto até que o FED as confirme depois de avaliar os próximos dados econômicos.

O presidente do Fed parecia otimista, mas quando olhamos para o gráfico de rendimento, temos uma previsão diferente. Uma curva de rendimento invertida é um ambiente de taxa de juros em que os instrumentos de dívida de longo prazo têm um rendimento menor do que os instrumentos de dívida de curto prazo com a mesma qualidade de crédito. Isso indica significativamente uma recessão econômica.

O gráfico a seguir representa as variações de rendimento entre os EUA a 10 anos e também os 3 meses dos EUA na última década. No final de 2006, o rendimento inverteu-se por muitos meses, seguido pela crise monetária de 2008 e pelas recessões econômicas dos EUA (a área cinzenta) e agora mais de dez anos, estamos de volta ao espaço negativo.

Ouro e Bitcoin

De acordo com dados da Bloomberg divulgados nesta quarta-feira (07), a correlação de preços entre a criptomoeda e o ouro atingiu praticamente o dobro nos últimos três meses. De acordo com as estatísticas, enquanto no último ano a relação entre o BTC e o ouro era de 0.496, de maio a julho o valor saltou para 0.837.

O que isto significa na prática?

De acordo com os cálculos feitos para se chegar a este resultado, valores de +1 indicam que há correlação perfeita entre os dois valores, e -1 completa não correlação. Com o atual resultado que a Bloomberg mostra, o Bitcoin está ganhando força diante do ouro, e pode vir a se tornar a maior fonte de investimento alternativo por parte do mercado.

O que chama atenção nestes dados é o fato de que, durante 2018, a correlação entre ambos foi aleatória. Os valores foram negociados de forma em 49% do tempo, enquanto houve uma desaceleração correlacionada em 22% do tempo e uma tendência de alta correlacionada em 28% do tempo. Mas nos últimos meses um padrão de correlação completa está se definindo.

Possíveis explicações para o fenômeno

Os dados trazidos pela Bloomberg acabam sendo interpretados como sinal dos tempos. O atual quadro mundial de tensões geopolíticas impacta diretamente na economia mostra que o BTC tem a confiança dos investidores como uma opção segura. A opinião de Jake Chervinsky, advogado especialista em criptomoedas e blockchain reflete bem esta realidade.

No início da semana, ele declarou que o Bitcoin está cumprindo com o exato papel que lhe foi conferido. Outra opinião semelhante é de Jeremy Allaire, CEO da agência de pagamentos em criptomoedas Circle. Sua afirmação é de que diante de tantas incertezas econômicas, o BTC é um mecanismo não-soberano e altamente seguro para armazenar valor existente em qualquer lugar onde a internet existe.

Outros fatores de análise importantes

Além da instabilidade econômica, várias instituições financeiras como o Banco Central da Alemanha estão adotando políticas que tornam o Bitcoin mais atraente para os mercados e a realização de investimentos. Junto com a valorização que está tendo diante do ouro, o otimismo com relação a criptomoeda tem aumentado, o que também ajuda a valoriza-la.

Em meio a todas estas circunstâncias, cabe citar também a opinião de Antony Pompliano, fundador da Morgan Creek Digital Assets. Ele destaca que o valor único do Bitcoin pode ser melhor preservado, caso a criptomoeda mantenha intacta sua correlação com o resto dos mercados, sobretudo nestes tempos de instabilidade global. São perspectivas que podem ajudar a ampliar significativamente a dominação do BTC sobre o ouro.

gráfico pizza da correlação do ouro com o Bitcoin
Correlação entre Bitcoin e ouro, acumulado no ano e em 3 meses. Fonte: Bloomberg Parecer

Por que as pessoas investem no Bitcoin?

A maioria daqueles que investem no Bitcoin, buscam nele se opor ao atual sistema financeiro global. Eles acreditam que, enquanto os bancos centrais tiverem a capacidade de imprimir dinheiro, o custo de vida, ou seja, a inflação continuará aumentando. Assim, esses investidores acreditam que durante uma crise econômica usar o Bitcoin como um refúgio seguro terá muitas vantagens:

  • O Bitcoin é descentralizado: O Bitcoin não é controlado por nenhum banco central. A maioria das crises econômicas surgem das falhas cometidas por esse bancos. Então, usar Bitcoin pode garantir “segurança” em qualquer crise econômica.
  • Bitcoin é seguro: Um Investidor / trader pode acessar sua carteira Bitcoin de qualquer lugar do planeta. Eles só precisam de acesso à internet. Sendo assim qualquer um poderá comprar, transferir, efetuar pagamentos através do Bitcoin.
  • Bitcoin uma reserva de valor: O Bitcoin pode ser facilmente usado como uma reserva de valor, onde a propriedade pode ser facilmente transferida.
  • O Bitcoin é a prova de intervenção estatal: Alguns países lançaram regulamentações para restringir o uso do Bitcoin. No entanto, o Bitcoin é descentralizado. Assim, as restrições geralmente aumentam a demanda por esse ativo.
  • O Bitcoin é um ativo financeiro completamente novo, não diretamente correlacionado com qualquer outro: Muito diferente dos mercados tradicionais. O Bitcoin não está correlacionado ao mercado tradicional. Como resultado, o Bitcoin não reage ou é afetado pelos problemas negativos ou por qualquer alteração do mercado. É por isso que usar o Bitcoin como um ativo de segurança pode ser uma ótima opção.
  • O Bitcoin nunca para: O mercado de criptomoedas estão abertos 24/7. Pode-se acessar o Bitcoin a qualquer momento.
  • O Bitcoin é baseado na escassez: Ninguém pode aumentar o fornecimento de Bitcoin, a escassez é o que torna o Bitcoin valioso, um pouco semelhante a metais valiosos, ou artes raras.

Conclusão

Em tempos de incerteza econômica, o Bitcoin pode ser escolhido como um ativo de segurança. Qualidades únicas, como descentralização e não ser controlado por qualquer banco ou governo, tornam o Bitcoin invulnerável a qualquer crise econômica.

O Bitcoin compartilha muitas características do ouro, a mais antiga forma de dinheiro usada no mundo até hoje. Assim, o Bitcoin pode potencialmente abrir outra perspectiva para os investidores se protegerem contra crises financeiras.

Clique aqui para ler: Especialista avalia futuro do Bitcoin e outras criptomoedas a curto prazo

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