HomeVenezuelanos estão “pesando” o dinheiro em vez de contar notas e volume de Bitcoin cresce no país

Venezuelanos estão “pesando” o dinheiro em vez de contar notas e volume de Bitcoin cresce no país

novembro 1, 2016 Por Benson Toti

No balcão de uma mercearia no leste de Caracas, Humberto González retira as fatias de queijo branco salgado da balança e as substitui por uma pilha de notas de bolívares entregues pelo cliente.

A moeda está tão desvalorizada e cada compra exige tantas notas que, em vez de contá-las, ele prefere pesá-las.

“É triste”, diz González. “A esta altura eu acho que o queijo vale mais.”

Esse é também um dos sinais mais claros de que a hiperinflação pode estar tomando conta de um país que se recusa a publicar dados de preços ao consumidor regularmente.

Não é em todo lugar que estão pesando o dinheiro, mas isso está se popularizando, o que lembra cenas de alguns dos episódios de hiperinflação mais caóticos do século passado: a Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial, a Iugoslávia na década de 1990 e o Zimbábue uma década atrás.

“Quando começam a pesar dinheiro, esse é um sinal de que a inflação está fora de controle”, disse Jesús Casique, diretor financeiro da consultoria Capital Market Finance. “Mas os venezuelanos não sabem exatamente como está a situação porque o governo se recusa a publicar números.”

Mochilas cheias de notas de dinheiro

O bolívar, que chegou a ser uma das moedas mais fortes do mundo, agora é um estorvo. Para fazer qualquer compra é preciso levar centenas de notas. As pessoas colocam pilhas de dinheiro nas mochilas e se aventuram pelas ruas assoladas pelo crime e os lojistas guardam o dinheiro em caixas e gavetas que transbordam.

Diante da falta de dados oficiais, os economistas precisam adivinhar qual é a taxa da inflação. As estimativas para este ano vão de 200% a 1.500%.

Até agora, com o bolívar afundando, o governo se recusava a imprimir notas de maior valor. A nota de 100 bolívares – a maior do país – vale menos do que US$ 0,10.

No entanto, algumas semanas atrás, o governo solicitou discretamente a cinco empresas que apresentassem ofertas para imprimir bolívares de maior valor – 500, 1.000, 5.000, 10.000 e talvez 20.000 –, segundo uma pessoa com conhecimento direto do pedido.

As notas deveriam estar prontas a tempo para pagar as bonificações do Natal. Normalmente, uma encomenda dessas leva de quatro a seis meses para ser entregue e, por enquanto, nenhuma oferta foi escolhida. A fim de minimizar tempo e custos, o governo está considerando trocar apenas a cor, não o layout, das notas atuais, e acrescentar zeros, disse a pessoa. O Banco Central disse que não faria comentários.

O comerciante comentou como se sente:

“Eu me sinto como Pablo Escobar”, disse ele. “É uma montanha de dinheiro, cada dia mais.”

Bitcoin como saída

Diante de tanta variação, incerteza, inflação e caos, a venezuela ficou conhecida por ser o país com quatro tipos de taxas de câmbio diferente.

Por outro lado, o banco central venezuelano está imprimindo dinheiro como que se não houvesse amanhã, conduzindo o valor do Bolívar ainda mais abaixo. A apenas um ano, no mercado negro de câmbio o Dólar valia 200 Bolívar.

É nestas condições que o bitcoin tem todas as vantagens, de fato. Nos países desenvolvidos, as taxas de câmbio estáveis e a inflação controlada retiram algum “brilho” ou diferença maior que o bitcoin poderia fazer. Contudo em locais de uma economia de calamidade, o bitcoin é de fato a forma mais fácil de obter um ativo relativamente estável e acessível. Quando a inflação atinge até 1500%, podemos considerar as flutuações de preço da bitcoin como “negligenciavéis”.

A cada dia a população se vê na saída de mergulhar no mercado negro ou aos mais próximos a tecnologia, adotar o uso do Bitcoin como saída para proteção contra essa mega inflação, além de ser uma moeda alternativa.

Exchanges de Bitcoin na Venezuela:

Via: UOL Notícias
Adaptação: Guia do Bitcoin