Opinião: O Bitcoin morreu?

Opinião: O Bitcoin morreu?

By Hassan Maishera - min. de leitura
Atualizado 04 junho 2020

Como num passe de mágica, os cavaleiros do apocalipse, conforme relatara João em sua terceira visão profética, iniciaram sua cavalgada, trazendo peste, guerra, fome e, principalmente, a morte do Bitcoin. Da noite para o dia, devido a um forte movimento de queda nos preços dos criptoativos, vós, que entrais em desespero, perderam a esperança.

Será que tudo não passou de um sonho ignominioso, um delírio dos odiadores da máquina estatal? Se serve de consolo, acalente-se ao som da razão; Deus não está morto.

O Bitcoin vai muito bem. Na verdade, ele está mais vivo e forte do que jamais Satoshi Nakamoto poderia ter imaginado. Para que possamos entender melhor os motivos pelos quais o mercado continua se consolidando mais e mais a cada dia, precisamos rever os principais conceitos do white paper criado por este pseudônimo.

O Bitcoin é um criptoativo Peer-To-Peer (Ponta-a Ponta), sem único dono, que tem como objetivo criar uma economia autônoma do Estado, a qual é fomentada e regulada por seus próprios usuários. Através da dedicação de poder computacional à rede, responsável por resolver cálculos matemáticos complexos para criar novos tokens, a rede se torna gradativamente mais segura e confiável.

Em resumo: o Bitcoin continua a existir, independentemente de governos serem ou não favoráveis à sua existência; a rede nunca esteve tão segura, rápida e sólida como hoje. Nascido durante a crise norte-americana de 2008, o criptoativo mostrou-se imune à influência do modelo incompetente de gestão de grandes e pequenas nações, a exemplo, obviamente, da nossa.

Assim como o governo norte-americano quebrou o mercado imobiliário com a concessão exacerbada de linhas de crédito para aquisição de imóveis, o governo brasileiro, durante seu crescimento absolutamente artificial com Lula, liberou mais linhas de crédito à população do que poderia, aumentando maciçamente o endividamento da população. Hoje, cerca de 40% dos brasileiros tem o nome sujo na praça.

Existe um serviço de dados pouco conhecido do Banco Central que fornece dados de pessoas que já tiveram o nome incluso no SPC e Serasa. Sendo assim, ainda que você tenha quitado todas as suas dívidas e apresentado, posteriormente, boa situação financeira, pode ser que os bancos nunca mais lhe forneçam nenhuma linha de crédito. Ou seja: você cumpriu a pena, mas o Estado o marcou a ferro para sempre como sua depreciável propriedade.

Se você precisar de um empréstimo, como o fará, se os bancos estão de portas fechadas? Existem diversos compradores e vendedores de criptoativos autônomos que podem fazê-lo para você, com taxas inacreditavelmente mais baixas que as dos bancos. Sem a necessidade de um burocrata.

Talvez você deteste seu emprego e queira garantir seu sustento de outra forma, porém, abrir uma empresa pode lhe custar tudo o que você não tem. A maioria dos empreendimentos clássicos possuem um rol de investimento altíssimo, de grande risco. Não podemos, jamais, ter medo e fugir dos altos riscos; mas a volatilidade, preferencialmente, deve estar acompanhada de recompensas mais avolumadas.

Ter um emprego está se tornando algo cada vez mais obsoleto. Assim como as escolas enquanto sistemas prisionais da carne e da real inteligência que ainda são. Cada vez mais os indivíduos percebem e namoram com a ideia da descentralização de seus trabalhos, da forma como querem educar seus filhos e, sobretudo, de que forma querem receber por aquilo que produzem.

Descentralização se trata, acima de qualquer aspecto, do direito de escolha em sua forma mais perene.

Tão digna de respeito é a escolha do que rechaça qualquer nível de hierarquia e abraça opções sustentadas de forma absolutamente comunitária, como é o caso de boa parte dos principais criptoativos do mercado. Afinal, estes são os responsáveis pela desconstrução filosófica por trás do que pode ser chamado de dinheiro em meio a um mundo em chamas.

Projetos ambiciosos, como a Lightning Network, pretendem tornar o Bitcoin o ativo financeiro mais rápido, desburocratizado e seguro do mundo. Ao contrário da economia fiduciária, amada pelos economistas tradicionais, não existe um satoshi sequer vítima de falsificação. Carteiras são desenvolvidas com camaradas cada vez mais intransponíveis de segurança. Dezenas de milhares de estabelecimentos comerciais ao redor do planeta aceitam criptomoedas como meio de pagamento.

Enquanto isso, economias estatais moribundas tentam sobreviver às custas do sangue e do suor de seus contribuintes, do imbecil coletivo que tolera a corrupção e o sufocamento de suas liberdades individuais por meio da concessão e do cerceamento de “direitos”.

O Bitcoin morre várias vezes todos os anos, segundo especialistas do mercado tradicional. Einstein foi perfeito em sua afirmação sobre a loucura: “insanidade é fazer sempre a mesma coisa, várias e várias vezes, esperando obter resultados diferentes”.

A criação de Satoshi Nakamoto continuará a existir, com sua imensa força computacional e moral, desconstruindo o mundo e a forma como se faz e usa dinheiro. E não há nada que possa parar a disrupção. A não ser que tenha trazido, literalmente, as quatro pragas consigo. Caso negativo, não passa de mais um falso profeta.