Ministério Público de Campo Grande afirma: Minerworld é pirâmide

Ministério Público de Campo Grande afirma: Minerworld é pirâmide

By Hassan Maishera - min. de leitura
Atualizado 02 junho 2020
Hércules Gobbi, Cícero Saad e Jonhnes Carvalho (da esquerda à direita)
Parece que os dias de esbórnia e impunidade dos proprietários da Minerworld estão contados. O Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, fundamentado no art. 129 da Constituição, afirma sem qualquer sombra de dúvida que a empresa não passa de uma pirâmide financeira, com propostas fraudulentas que visam ludibriar os desavisados.

Houve ordem judicial de bloqueio de mais de R$ 300 milhões em bens da MinerworldBitOfertas e e BitPago, sendo a Minerworld destaque entre os envolvidos. As empresas fraudulentas estão sendo investigadas pela Operação Lucro Fácil, deflagrada nesta terça-feira (17).

Oficiais da GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) realizaram sete mandados de busca e apreensão em Campo Grande (MS) e São Paulo (SP).

Entre os bens milionários, Cícero Saad possui um Porsche Cayenne em nome de sua mãe e Jonhnes Carvalho uma BMW 320i, também em nome da mãe.

Cícero Saad Cruz é conhecido pejorativamente na rede como “Cicinho Corel Draw” por ser réu confesso de ter fraudado guias de FGTS utilizando o famoso software Corel Draw. Jonhnes Carvalho é famoso por ter sido um dos principais mandantes de antigos esquemas fraudulentos já desarticulados, como a Multiclick e a Paymony.

Entre as principais provas, a autarquia destaca inconsistências no contrato de adesão, ausência de provas de mineração e o modelo de negócios apresentado pela página oficial da pirâmide. Meses após a abertura da empresa, uma mineradora foi supostamente inaugurada, o que sugere que os afiliados haviam sido pagos unicamente com o valor injetado por novas vítimas.

“A leitura do contrato de adesão da Minerworld basta para se colocar em xeque eventual boa-fé por parte dos requeridos e de todo o negócio proposto ao público consumidor”, informa inquérito emitido pela 43ª Promotoria de Justiça de Campo Grande.

Ainda segundo o documento: “Com efeito, o instrumento é mal redigido, com erros grosseiros (a exemplo da palavra “incargos” na cláusula 8) e repleto de cláusulas sem o menor fundamento jurídico (cláusula de eleição do foro de Pedro Juan, Paraguai, ou cláusula de alteração unilateral por parte da empresa)”.

Convém citar que a cláusula de alteração unilateral por parte da empresa justifica a mudança nos planos de pagamento dos afiliados que hoje recebem em MCash, uma criptomoeda sem valor criada pelos golpistas com o objetivo de falsear pagamentos realizados.

Curioso o quão obtuso é o contrato da Minerworld, tendo em vista haver um bacharel em Direito entre seus diretores.

Um dos sites está fora do ar
Enquanto isso, a quantidade de reclamações registradas no site Reclame Aqui não cessa de aumentar e algumas das vítimas já desconfiam se tratar efetivamente de um esquema fraudulento.

Um áudio de Jonhnes Carvalho que está circulando na rede aponta boatos de que ele estaria articulando seu desligamento do esquema e que, ainda esta semana, entraria em contato oficialmente com as vítimas para prestar esclarecimentos.

A Minerworld, em resposta à imprensa, afirma não se tratar de uma pirâmide e que sua dificuldade financeira é oriunda de um ataque hacker que teriam sofrido em sua conta na Poloniex. A empresa afirma que não só eles, mas vários outros usuários foram afetados pela suposta vulnerabilidade da plataforma. Nenhuma notícia sobre tal falha sistêmica, no entanto, foi citada pela Poloniex em sua página oficial, tampouco nenhuma nota de imprensa foi lançada à época.

Para finalizar, um recado deste humilde escriba que vos fala a Jonhnes Carvalho, inviolável poço de humildade e transparência: sua hora está chegando…

Artigo extraído da página de Rafael Motta no Medium