Hard fork Constantinople – O que vai mudar e o que você precisa saber

Hard fork Constantinople – O que vai mudar e o que você precisa saber

By Melissa Eggersman - min. de leitura
Atualizado 10 junho 2021

O “Hard Fork Constantinople” está mais perto do que nunca, com lançamento previsto para a próxima semana na rede do Ethereum. Porém, ainda existe muita confusão e até desinformação sobre qual a natureza da suposta fork.

O Constantinople faz parte do projeto Metropolis, uma série de atualizações e melhorias para tornar a rede do Ethereum mais sofisticada e muito mais eficiente. Isso será feito através de diferentes mudanças que vão acontecer na rede. Antes do Constantinople, o ETH passou pelas “forks” Homestead em 2016 e Byzantium em 2017. Curiosamente, ambas as forks foram consideradas responsáveis pelo aumento de preço do Ether.

Porém, vale lembrar que o termo “hard fork” está sendo usado para descrever este novo momento do Ethereum, mas essa não é a nomeação exata do que vai acontecer. O próprio Vitalik discorda de como o Constantinople está sendo chamado:

“Na minha opinião, a comunidade do Ethereum deveria considerar adotar a terminologia do Zcash e chamar coisas como o Constantinople de ‘atualizações e rede’ e reservar ‘fork’ para divisões que criam 2 ou mais redes viáveis. Muitas pessoas estão me perguntando recentemente onde elas podem jogar as moedas que não são Constantinople.”

O tweet do criador do Ethereum resume bem um sentimento que está pairando sobre a comunidade do Bitcoin. Ao chamar o Constantinople de hard fork, muita gente assume que a rede vai ser dividida em duas, como aconteceu depois do infame incidente do DAO, que deu origem ao Ethereum Classic (ETC).

Claro, não é errado chamar o Constantinople de fork, mas é importante entender a diferença das outras forks, isso evita que os usuários caiam em certos golpes, como o Ethereum Nowa e o Ethereum Classic Vision.

Sabendo que o Constantinople é uma atualização, precisamos agora dar uma olhada no que ele vai atualizar e melhorar para a rede do Ethereum.

As melhorias trazidas pelo Constantinople

A nova atualização vai trazer 5 EIPs (Ethereum Improvement Proposals, Propostas e Aprimoramento do Ethereum, em tradução livre). Essas atualizações vão melhorar principalmente a escalabilidade da rede e as suas capacidades como uma plataforma de desenvolvimento de dApps.

Vale a pena mencionar que o Constantinople não é contencioso e por isso a comunidade não está dividida, como aconteceu com a hard fork no incidente DAO. Ou seja, supostamente, não haverá uma nova comunidade e uma nova moeda, o Ethereum vai continuar sendo uma rede principal e quem tem as moedas não vai precisar se preocupar com nada.

As 5 EIPs do Constantinople

Confira as mudanças propostas pela nova atualização:

EIP 145 – Trocas de instruções em EVM utilizando Bitwise

  • Providenciar bitwise nativo com custo similar a outras operações aritméticas.
  • A EVM da não tem nenhuma troca por operadores bitwise, mas oferece suporte para operadores lógicos e aritméticos. As operações de troca podem ser implementadas via operadores aritméticos, mas custam muito mais e requerem mais tempo de processamento. Implementar SHL e SHR usando aritméticas custa 35 de combustível (ether) cada, já com a mudança proposta, gastará 3.

Ou seja: Acrescentará uma funcionalidade nativa para o protocolo tornando certas operações na blockchain mais rápidas, fáceis e baratas.

EIP 1014 – Skinny CREATE2

  • Acrescenta um novo opcode em 0xf5, o que cria 4 novos argumentos: endowment, memory_start, memory_length, salt. O novo código funciona exatamente como o CREATE, só que ele usakeccak256 (0xff ++ address ++ salt ++ keccak256(init_code)))[12:] ao invés de usuário-e-hsah-nonce como endereço onde o contrato é inicializado.
  • Permite que interações sejam feitas em endereços que ainda não existem na rede, mas que podem conter códigos eventualmente ao serem criados por um pedaço de código init em particular.

Ou seja: Essa é uma EIP muito técnica e pode não fazer sentido nenhum para quem não esteja por entro do básico de programação. Porém, a ideia da melhoria é facilitar a integração com endereços que ainda vão ser criados por State-Channels.

EIP 1052: EXTCODEHASH opcode

  • Esta EIP especifica um novo opcode que retorna o hash keccak256 do código de um contrato.
  • Os contratos precisam realizar testes para verificar o bytecode, mas não necessariamente precisam ter acesso ao bytecode em si. Contratos podem fazer isso atualmente usando o EXTCODECOPY, mas é muito caro, especialmente para contratos muito grandes. O novo opcode EXTOCODEHASH vai melhorar o procedimento.

Ou seja: Deixa mais barato (necessita de menos combustível) para fazer certas atividades na rede.

EIP 1283: Novo sistema para metragem de combustível para SSTORE

  • A EIP apresenta mudanças para a metragem de combustível para o opcode da SSTORE, permitindo novos usos para o armazenamento de contratos e reduzindo gastos excessivos de ether.

Ou seja: Essa é uma proposta simples, deixar mais barato (diminuindo o consumo) de atividades ligadas aos contratos inteligentes dentro da blockchain.

EIP 1234: Atraso na bomba de dificuldade e a diminuição da recompensa por bloco

  • O tempo médio para mineração dos blocos está aumentando por causa da bomba de dificuldade (também chamada de era o gelo). A EIP propõe um atraso na bomba de dificuldade por cerca de 12 meses e que a recompensa por bloco seja diminuída no Constaninople.

Ou seja: A EIP garante mais tempo para que a rede não acabe congelando antes que o protocolo de Proof-of-Stake seja completamente implementado.

Tenho Ethereum, preciso me preocupar ou fazer algo com o Constantinople?

Todo esse lance de EIPs parece bem técnico, não é mesmo? Pois bem, essa conversa é realmente bem detalhada, mas ela tem mais a ver com quem está utilizando a rede para a construção de aplicativos descentralizados e para o uso de contratos inteligentes.

Para os investidores e usuários interessados apenas na moeda, basta entender que nada vai ser alterado no funcionamento dos Tokens e que o ETH vai continuar da mesma forma que conhecemos atualmente. Também é importante se atentar às promessas de novas moedas e de airdrops, como o do ETCV e do ETN.

Por enquanto, a recomendação é continuar segurando os seus Ethers em carteiras e talvez até em exchanges confiáveis (apesar de isso não ser tão recomendado).

Porém, ainda é importante ficar de olho nessa atualização como um observador e investidor do mercado. Como todas as outras plataformas, o Ethereum só pode ter valor se ele se mostrar útil, muito além da especulação do mercado.

Ao melhorar esses funcionamentos, a rede do ETH está dando importantes passos para melhorar a sua aceitação e consequentemente se tornar uma ferramenta mais completa.

Agora é a hora de segurar o ETH e esperar que o Constantinople, com previsão para o dia 16 de janeiro, alavanque o preço.

Veja as principais previsões para o Bitcoin em 2019