Criminosos utilizarem moedas de privacidade é uma coisa boa

Criminosos utilizarem moedas de privacidade é uma coisa boa

By Adolph Obasogie - min. de leitura
Atualizado 04 junho 2020

Certamente você observou que no início de 2020 John McAfee decidiu se voltar contra o Bitcoin. Ademais, o programador britânico, conhecido por suas polêmicas em torno do BTC, afirmou que o Monero tem uma tecnologia superior ao do criptoativo original. Novamente McAfee voltou a falar sobre ativos digitais focados em privacidade.

De acordo com o empresário, criminosos estão usando criptoativos como o Monero por causa de seu valor tecnológico. McAfee afirmou que não há como as autoridades acompanharem. Além disso, disse que a utilização por criminosos é um sinal positivo.

“Os criminosos estão usando moedas de privacidade. Excelente! Eles são os primeiros a usar todas as tecnologias valiosas. Automóveis mais rápidos como carros de fuga na década de 1930. Telefones para coordenar crimes. As autoridades estão sempre atrasadas. Agora, Eles validaram O poder De Privacidade. Graças a Deus!”

De maneira idêntica, o empresário comparou o Bitcoin com um automóvel nos primeiros dias de 2020. Contudo, não foi uma comparação positiva. De acordo com McAfee o Bitcoin não é o futuro, como o famoso Ford Model T também não foi. De fato, a figura excêntrica acredita que ambos são tecnologias ultrapassadas.

Embora exista a crença de que criptoativos voltados para privacidade são utilizados apenas por criminosos, não é bem assim que funciona. Com o intuito de garantirem que suas informações financeiras sigilosas permaneçam seguras, muitas pessoas optam por utilizarem essa classe de ativos.

Ademais, pessoas que moram em locais onde há uma forte intervenção do governo usam esses criptoativos para conseguirem preservar sua identidade das autoridades.

Quem deseja utilizar criptoativos para manter sua privacidade não deve olhar para o Bitcoin como uma opção. Apesar de existir a crença de que o criptoativo rei é anônimo, isso não condiz com a realidade. Suas transações são públicas no blockchain. Sendo assim, é possível associar um endereço de BTC a um indivíduo específico, se ele já tiver utilizado uma exchange, o que requer verificação de identidade.

Criptoativos como Monero e ZCash podem trazer o anonimato que o Bitcoin ainda não pode oferecer. Como resultado das informações ocultadas, as transações não fornecem nenhum dado, ou seja, não deixam rastros.

De fato, McAfee deixou de ser o grande defensor do Bitcoin a US$1 milhão, para ser o detrator que chama o BTC de shitcoin. Contudo, suas falas exageradas não são sempre um erro, pois ele não está sozinho em ver valor nos criptoativos anônimos.

Só para exemplificar, o Monero que começou 2020 sendo cotado a US$45, hoje tem uma cotação de US$81,85. O ZCash estreou o ano com o preço de US$27,78 por ZEC, hoje apresenta uma cotação de US$61,81. Certamente não podemos deixar o Dash de fora da lista. O criptoativo teve a melhor valorização do mercado de ativos anônimos. De acordo com os dados do CoinMarketCap, o Dash começou 2020 a US$41. Todavia, em poucos dias, conseguiu subir mais de 160% e está sendo cotado a US$108,01.

Em suma, isso prova que mesmo que governos e autoridades tentem parar os criptoativos anônimos não conseguirão. Mesmo muitas exchanges retirando os ativos digitais com privacidade por conta da pressão das autoridades, seu uso não para de crescer.

Analisando o Tweet de McAfee vemos que os automóveis mais rápidos utilizados pelos criminosos, hoje são desfrutados por indivíduos de bem. Sem dúvida que os telefones que os bandidos utilizavam, hoje também é aproveitado até pelas autoridades centrais. Embora pareça senso comum, é sempre bom lembrar que o problema não está na tecnologia, mas sim no crime.