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Crianças e a mesada em criptomoedas!

Benson Toti

Há muito sabemos que as escolas deixam a desejar em diversas matérias, não é mesmo? Ensinam uma série de coisas importantes e outras nem tanto. Entretanto algumas matérias que são essenciais ficam de lado, não sei se por descaso ou por puro interesse do sistema. O que importa é que matérias que considero fundamentais como: direitos civis, estratégia, urbanismo, administração e principalmente matemática financeira não são ensinadas.

Na escola as crianças aprendem a matemática básica: somar, dividir, multiplicar e subtrair. Mas não lhes ensinam a “matemágica“. Sim, a mágica de multiplicar seu dinheiro, trabalhar com ele e fazê-lo render sem nenhum esforço. Aquela matemágica que os banqueiros sabem tão bem que tomam seu dinheiro emprestado a juros irrisórios para emprestar ao próximo a juros exorbitantes. Neste caso a verdadeira mágica não está nos números e sim em fazer você acreditar que isso está correto. Isso simplesmente não lhes é ensinado.

As crianças são programadas e ensinadas a fazer contas, mas não a pensar. Repetem o mesmo comportamento de seus pais, que aprenderam com seus avós e que por sua vez aprenderam com seus bisavós. São ensinadas a se comportar dentro de um sistema que não lhes favorece. Crescem alienadas e são preparadas a serem apenas mais uma pequena engrenagem que faz girar este sistema cruel chamado capitalismo.

Sao “adestradas” como cães a pensar que as coisas são como são e que devem seguir um roteiro pré-programado que só interessa ao sistema e aos donos do sistema. Crescem acreditando que devem seguir uma carreira, comprar a casa própria, pagar os boletos e fazer churrascos no domingo.

Acontece que se quisermos mudar o jogo de verdade devemos prepará-las para irem além, e isso senhores, cabe a nós, os pais, lhes ensinar como fazer. Devemos ensiná-las a economizar, como guardar e como investir seu dinheiro.

Porém o sistema não ajuda. É proibido uma criança possuir conta em banco que não seja uma conta poupança. Aquelas que rendem menos que um satoshi por mês. E além disso lhes é negado o direito de poder consultar seu saldo quando querem, da forma delas. O sistema é inacessível para as crianças.

Porém isso mudou. Tenho dois filhos, um de 13 e uma de 11 anos, e as criptomoedas aqui em casa são grandes aliadas na educação das crianças. Há muito dividimos a mesada delas em duas partes. Uma é percebida em reais, para os gastos diários que são despejados a esmo na cantina da escola e em cadeias de fast-food que vendem podres delícias. A outra parte lhes é paga em criptomoedas, creditadas diretamente em suas contas na Coinbase. Cada uma delas tem em seu smartphone o aplicativo e não passa um dia sequer sem que elas chequem seu saldo e a maravilha da multiplicação.

É bastante comum aqui em casa ouvirmos a frase: “Pai, a Ethereum subiu!” ou “Será que a Bitcoin vai passar os $2000 logo?”. São afoitas, querem – e precisam – de resultados rápidos senão perdem o interesse.

Este mês para minha surpresa abriram mão das podres delícias gastas sem nenhum critério e me pediram para comprar mais Ethers. Sim, elas conhecem o nome de todas as criptos, suas funcionalidades e vibram a cada nova alta da moeda. Estão apaixonadas pela mágica da multiplicação. Obviamente minha resposta diante de tal decisão foi positiva, peguei o dinheiro delas e imediatamente transferi mais alguns ethers em suas carteiras e me diverti vendo-as como crianças esperando o papai noel a cada nova confirmação da transação.

Certo dia um amigo me disse:

“Se quer ensinar uma criança o que são juros e impostos, dê a elas um sorvete. Depois coma a metade do sorvete!”.  

Pois é senhores, aqui em casa, o sorvete é só delas! 

 

 

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