Cresce o uso da Blockchain e dos contratos inteligentes do Ethereum na América do Sul

O vinho da Argentina e a madeira brasileira são apenas os mais recentes produtos sendo transformados por empreendedores que constroem aplicações distribuídas no blockchain da Ethereum, na América do Sul.

Um dos maiores bancos do Brasil construiu recentemente um contrato inteligente projetado para automatizar partes do processo pelo qual uma empresa se torna pública; um grupo no Chile está trabalhando para ajudar a dimensionar a blockchain usando o sistema de arquivos Inter-Planetary (IPFS); e uma equipe na Nicarágua está construindo um sistema de identificação segura usando contratos Ricardian.

Assim como o Ethereum, o que todos estes projectos têm em comum é uma empresa em Brooklyn, Nova York, com uma presença em um rápido crescimento em todos os setores e em todo o mundo.

Com cerca de 100 funcionários espalhados por cinco continentes, três tomaram uma posição de liderança para executar diversos projetos que ultrapassam os limites de como um blockchain pode ser usada.

Um desses homens foi contratado pela ConsenSys no início de 2015, depois de passar mais de 10 anos construindo um software de mercados financeiros no seu país nativo (Brasil) e em Nova York. O especialista em blockchain da ConsenSys, Daniel Novy, disse a CoinDesk que ele foi surpreendido com a rapidez com que o seu país (Brasil) adotou um conjunto diversificado de aplicações ethereum.

Tendo fundado a Basebit, uma exchange brasileira, em 2013, Novy viu em primeira mão como nos primeiros dias a reputação do bitcoin passou a estar associada a transações ilícitas, e com isso se tornou difícil vender a tecnologia para bancos.

Mas ele acrescentou que isso não acontece com o Ethereum, que está fazendo o seu trabalho de abordar as empresas “espalhando um pouco de blockchain neles” de forma muito mais fácil.

Novy disse, em entrevista:

“Parece que todas as empresas que eu estou lidando com está procurando blockchain. Mas no final, todos eles vêm para ethereum por causa dos contratos inteligentes. Muitos deles, especialmente os bancos têm pesquisado bitcoin mas eles quase sempre, penso sempre, escolher ethereum. “

Bovespa e a Blockchain

Com sede em Belo Horizonte, Novy é o principal desenvolvedor do Regis, serviço de registro ConsenSys e um consultor com muitos dos projetos da empresa no Brasil e na Argentina.

Atualmente, ele diz que está trabalhando com seis instituições financeiras na área, incluindo vários bancos. Mas nada é mais avançada em seu desenvolvimento do que a blockchain para a Bovespa, uma bolsa de valores com sede em São Paulo, Brasil.

Durante sua mais recente reunião com a Bovespa, ele se dirigiu a um grupo de 20 pessoas e os ajudou a construir um protótipo de contrato inteligente que automatiza parte do processo pelo qual uma empresa se torna pública.

Além da simples construção do protótipo para os funcionários da Bovespa, Novy, que já trabalhou ao lado de funcionários da Microsoft, desenvolveu linha-a-linha de um código que os ensiná a escrever o contrato inteligente IPO e implantá-lo.

O trabalho ainda está em suas fases mais iniciais.

“Começamos a pensar sobre o que devemos fazer no período da tarde para provar que esta coisa funciona”, disse Novy.

O uso do Ethereum na floresta tropical brasileira

Considerando que o Brasil já teve a reputação de ser lento em abraçar o bitcoin, devido à baixa visibilidade, Novy disse que o país está adotando rapidamente o Ethereum.

Em junho, a empresa de rastreamento de madeira, a BVRio anunciou que iria usar a ferramenta Regis, de Novy, para a construção de registos descentralizados para ajudar a rastrear a origem da madeira colhida na Amazônia e em outros lugares na região.

Utilizando o Regis, que registra informações de identificação através da blockchain ethereum, a BVRio pontua cada viga de madeira com base em onde vem e quem as colheu, para ajudar a garantir a sua legalidade.

De acordo com Novy, os preços para a madeira são, em parte, determinada por essa pontuação.

Ao descentralizar o registro usando o software Regis, a BVRio disse em um comunicado, anunciando o projeto e que “é garantido que a informação não se altere, dada a imutabilidade de blockchains, e é acessível ao público“.

Novy diz que espera que o projeto vai viver até o final do mês.

O rastreamento dos vinhedos na Argentina

Mas nem todo o trabalho de Novy se limita ao Brasil. Ele disse que seu país natal (Brasil) tem uma adoção tardia da tecnologia, já a Argentina, com sua história de rápida inflação, abraçou o bitcoin cedo e continuou a experimentar o Ethereum.

A Cora, produtora de vinho do Valle de Uco, na Argentina, possui uma área de produção de 2,5 acres e está trabalhando com Novy para integrar um serviço de rastreamento de terra, onde dividiu o planeta em 57 trilhões de 3x3m de terras, juntamente com Regis.

“Queremos organizar uma comunidade para comprar vinhedos muito valiosa e “tokenizar” as videiras para cada planta e vender essas plantas”, disse Abihaggle CoinDesk. “Dessa forma, [podemos] salvar os vinhedos que estão em perigo de serem arrancadas para fins imobiliários.”

Como parte do esforço para aumentar a visibilidade do projeto, Novy diz que o projeto vai ser lançando no “Demo Day DevCon2”, em Xangai, no µies de setembro.

De acordo com Abihaggle, existem investidores-anjo apoiando a empresa, mas alguns detalhes finais ainda precisam ser trabalhados antes que possa ser lançado.

O crescimento do Ethereum no mundo

Existem diversos outros projetos para a aplicação do Ethereum sendo trabalhados no Chile, Nicarágua e além. O objetivo de Novy é levar desenvolvimento moderno ao mundo, conectando e criando diversos tipos de aplicações com a blockchain ethereum.

A ampla gama de projetos que estão sendo realizados em vários países, está resultando em uma grande sinergia entre as empresas desenvolvedoras.

Via: Coindesk
Adaptação e tradução: Guia do Bitcoin