Coinbase explica por que o preço do Bitcoin caiu cerca de 50%

Coinbase explica por que o preço do Bitcoin caiu cerca de 50%

By Benson Toti - min. de leitura
Atualizado 07 setembro 2020

No último dia 12 de março houve uma forte desvalorização no preço do Bitcoin, devido a todo stress econômico que o covid-19 causou no mundo. A Coinbase falou sobre esse incrível acontecimento e qual foi a reação dos seus usuários a esse evento.

A Coinbase tentou responder em sue blog a seguinte pergunta: Se o Bitcoin é considerado um ativo de segurança que não está correlacionado com mercado de ações, por que o preço do Bitcoin caiu 50%?

Tentando responder esse questionamento, a Coinbase buscou apresentar um contexto para tudo o que aconteceu.

No dia 11, um dia antes da grande desvalorização de 50% no preço da primeira criptomoeda, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que “o COVID-19 se tornou uma pandemia”.

Neste mesmo dia o presidente Trump impôs uma proibição de 30 dias nas viagens entre os Estados Unidos e a Europa” e o primeiro-ministro da Itália colocou todo o país em quarentena.

Segundo a Coinbase o mercado percebeu que “a economia global não estava em condições de lidar adequadamente com essa situação” e isso resultou em um enorme colapso nos mercados financeiros tradicionais, com “o S&P 500 e o DOW Jones caindo quase 10%.”

Para a Coinbase o que aconteceu foi o seguinte:

“Quando os investimentos desvalorizam muito rapidamente, é natural que os investidores busquem ativos considerados ‘portos seguros’ – ativos que não perdem seu valor (geralmente USD).

“Toda essa corrida por liquidez gerou uma corrida, onde o número de vendedores supera em muito o número de compradores, o que aumenta ainda mais os preços.

“Quando os mercados entraram em colapso, posições alavancadas estavam em risco de se tornarem insolventes e serem forçadas a fechar, aumentando ainda mais o preço do dólar.”

“A forte intenção de venda combinada com um grande evento de desalavancagem resultou em uma intensa corrida por dinheiro.”

“Nesses momentos, os investidores não vendem o que querem vender, vendem o que podem. Isso inclui Bitcoin e outras criptomoedas, todos os ativos sofreram profundas perdas em 12 de março, até mesmo o ouro”.

Especificamente, no caso do Bitcoin, os motivos para a forte desvalorização foram bastante semelhantes:

“Alguns especuladores de curto prazo venderam, instituições que haviam comprado Bitcoin também começaram a vender suas criptomoedas.”

“Mas o preço do Bitcoin caiu mais rápido que os mercados tradicionais por um motivo especial: o tamanho da alavancagem das criptomoedas, em especial do Bitcoin”.

A Coinbase destaca que, “os mercados de ações tradicionais limitam o nível de alavancagem das negociações entre 2–3x”, mas existe exchanges de criptomoedas que oferecem alavancagem tão alta que ultrapassa 100x. Esse nível de alavancagem é altamente arriscada, pois “uma posição alavancada em 100x gera um prejuízo muito forte se o mercado se mover apenas 1% contra a operação”.

Vale lembrar que no mercado de criptomoedas, também existem outros tipos de alavancagem: “credores oferecem empréstimos em dinheiro para depósitos em BTC e os traders mais avançados usam a alavancagem para contratos futuros”.

Um pouco antes do preço despencar, a dimensão total de “todos os contratos alavancados” era de aproximadamente US$ 4 bilhões, valor grande o suficiente para potencializar “fortes queda e causar um panic sell”.

Vale destacar que grandes desvalorizações geralmente geram oportunidades de compras, mas nessa data, o grau de pânico foi tão alto que transformou os compradores em vendedores:

“Conforme os preços despencavam, mais posições alavancadas eram forçadas a fechar. Cada nova venda não era vista como oportunidade, o que empurrava o preço novamente para baixo, resultando em mais vendas. Causando um efeito em cascata”.

A exchange que sofreu maior impacto com as vendas alavancadas foi a BitMEX:

“Em meio a forte pressão de venda, um Bitcoin na BitMEX chegou a ser negociado bem abaixo do preço de outras exchanges. Somente depois que a BitMEX entrou em manutenção com volatilidade máxima (alegando um ataque DDoS) é que as liquidações em cascata foram pausadas e o preço rapidamente se recuperou.”

Em algumas exchanges o preço do Bitcoin chegou a ser negociado abaixo dos US$ 3.500, mas pouco tempo depois o preço subiu e alcançou os US$5000.

Após tudo isso, nas 48 horas durante e imediatamente após a desvalorização do dia 12 de março, a Coinbase registrou números recordes de negociação (em comparação com as “médias dos últimos 12 meses”):

  • Aumento de 5x em dinheiro e depósitos em criptomoedas, totalizando US $ 1,3 bilhão
  • Aumento de 2x em inscrições de novos usuários
  • Aumento de 3x nos usuários de trading
  • 6x de aumento no volume total negociado

Mas houve duas coisas que a Coinbase relatou como sendo muito interessante:

  • Os usuários da Coinbase estavam comprando durante a queda de preço
  • O foco de atenção dos usuários da Coinbase estava principalmente no Bitcoin, com mais da metade do total das negociações, sendo em BTC, mas ETH e XRP também registraram números recordes.

Para finalizar seu relatório a Coinbase destaca que “desde a desvalorização, o Bitcoin e o todo o mercado de criptomoedas se recuperou enquanto o mercado de ações continuavam caindo (S&P -6% vs Bitcoin + 23% em 27 de março)”.

Em seu relatório a Coinbase demonstra confiança na proposta de valor do Bitcoin, declarando que: “O Bitcoin foi criado para um momento como o que estamos vivendo atualmente. Enquanto o governo dos EUA reduz as taxas de juros e injeta quantidades infinitas de dinheiro no mercado, o Bitcoin faz exatamente o oposto, o BTC vai reduzir sua oferta, em alguns dias, quando acontecer o halving.

Para a Coinbase, o valor do Bitcoin não pode ser definido por dinâmicas estranhas do mercado, mas por suas propriedades únicas que o tornam uma reserva de valor potencialmente atraente.

Fonte: blog da coinbase