Bitcoin: porque eu iria querer rodar um nó?

Considerações iniciais

Toda vez que eu me refiro a “nó”, entenda “nó completo”, que é quando você tem o histórico de todas as transações no seu disco rígido e consegue se comunicar com outros nós através da internet.

Ok, vamos lá…

Ajudando a rede

Nesse sentido, os nós são mais importantes do que o poder de hash (mineração), pois são eles que verificam se o bloco está seguindo as regras ou não. Mesmo com a cadeia de proof of Work mais longa, os nós ainda determinarão se a referida cadeia segue as regras e se ela é válida.

Mantém você (mais) seguro

A execução de uma carteira Bitcoin (ou altcoin) online significa que você deve colocar um certo grau de confiança no provedor do serviço, algo que não deve ser necessário com o Bitcoin — lembra aquela história que você é o seu próprio banco? Pois é, deve continuar sendo assim mesmo.

Uma carteira baseada na web (conhecidas na categoria de “carteiras online”) requer que você confie no nó central através do qual suas transações são transmitidas. Aplicativos como o Electrum exigem que você confie na segurança dos servidores da empresa (qual é… sou um hacker… sei que toda segurança contém falhas!). Mesmo um cliente “light ou incompleto” exige confiança em um terceiro, uma vez que você está baixando os cabeçalhos da blockchain e não está verificando se a chain que você segue respeita as regras da rede ou se ela é, de fato, a maior sequência de blocos.

Tenha o benefício da escolha

No possível evento de um hard fork, em que ambas as cadeias permanecem ativas com movimentações lado a lado, como as cadeias BTC/Bcash (eu chamo de Bcash, sr Roger, vem aqui me obrigar a chamar de outra coisa), a execução de um nó completo é a única maneira de validar as regras da blockchain nova ou antiga, de acordo com sua preferência. Lembrando que, já que você estár odando um nó, tem poder para decidir qual cadeia vai apoiar. Bitcoin ou Bcash? Ethereum ou Ethereum Classic? É com você, a aceitação global da moeda (na verdade) depende da sua decisão. Se você não executar um nó completo, sua opinião não será considerada e você simplesmente seguirá o futuro da moeda que será imposto a você e ao sistema.

A execução de um nó completo do cliente que você apoia também é uma forma indireta de votação, o que mostra aos mineradores qual a regra que os usuários apoiam. É mais ou menos um “eu tenho a Blockchain inteira no meu sistema e controlo a rede em torno dela, vc quer acessra o meu nó ou não? Sim? Então aceita essas regras aqui e tenha um bom dia”. O minerador é o empregado. O dono do nó, o patrão. Aí você vai perguntar “E o dono da pool?” Eeh… Já ouviu falar do Oscar Maroni? Melhor deixarmos isso pra um próximo tópico… 😛

Privacidade, a commodity dos hackers

Usar uma carteira de API, carteira leve ou mesmo online nunca será tão privado como executar um nó completo. Uma vez que você confia em servidores de terceiros para transmitir suas transações para você, esses servidores estarão cientes de quais endereços pertencem a você. Lembre-se: mais cedo ou mais tarde, a sua transação vai cair em um nó e será verificada por ele.

Se as informações (codificadas com HEX reversível) trafegam pela rede, estão vulneráveis a uma interceptação. Se você enviar 2 Bitcoins para o seu amigo, usando a Wi-fi do shopping, com uma carteira sem criptografia ponta-a-ponta se comunicando a alguma API ou qualquer servidor… algum hacker acabou de ganhar 2 Bitcoins (trollface)

Não é tão difícil

Para usuários menos experientes em tecnologia, executar um nó completo pode parecer um desafio. No entanto, executar um nó completo do Bitcoin não é mais do que simplesmente baixar a última versão do cliente do Bitcoin e executá-lo no seu computador ou aparelho equivalente. Eu mesmo vendo esses aparelhos com o nó já instalado e configurado. Faço uso da minha experiência com segurança digital para configurar corretamente e, hoje em dia, um nó completo acaba saindo por menos de R$ 1000; um nó para iniciantes/intermediários, comprimido, sai por menos de R$ 500 — ambos com validade de uns 5 anos. Justamente por isso que o meu próximo tópico é…

Não é tão caro

A execução de um nó exigirá que você mantenha o computador ligado o tempo todo — ou pelo menos para a maioria do dia. Apesar de você poder ativar e desativar sempre quando desejar, não é muito prático. Muitos usuários decidem não hospedar seus nós localmente em um dispositivo físico (os custos, citados acima, de 500 a 1000 reais podem assustar alguns leitores), mas sim em um servidor virtual alugado (que pode custar na média de 40 reais por mês).

Requisitos mínimos

Os requisitos mínimos para executar um nó Bitcoin, como definido pelo Bitcoin Core, são os seguintes:

• Hardware executando versões recentes do Windows, Mac OS X ou Linux.
• Ao menos 250 gigabytes de espaço livre em disco
• 2 gigabytes de memória (RAM)
• Uma conexão de Internet de banda larga com velocidades de upload de pelo menos 50 KB por segundo. Se a sua rede é de 1 MB, fica tranquilo — só não vai jogar Dota/LoL rankeado enquanto estiver rodando essa bagaça! 😛
• Uma conexão com limites altos de upload ou uma conexão que você monitora regularmente para garantir que não exceda seus limites de upload. Nós costumam usar bastante upload!
• Deixar rodando durante, no mínimo, 6 horas por dia (você pode fazer outras coisas com o seu computador enquanto executa o programa). Mais horas seria melhor, e o melhor de tudo seria se você puder executar seu nó continuamente. A solução que eu disse que vendia (acima) é um nó dentro de um aparelho separado, ele só precisa de uma tomada (para ter energia) e da conexão Wi-fi da sua casa (para se comunicar com outros nós). Dessa forma, não te atrapalha muito. Eu acho melhor. Minha opinião.

Dado os benefícios descritos acima, a execução de um nó completo de Bitcoin/Dogecoin/Litecoin/Bananacoin garantirá que você não apenas impulsione o desempenho da rede daquela moeda, mas também influencie o futuro da moeda e de seu mercado.