Por que precisamos do Bitcoin? O sistema de Reserva Fracionária

Por que precisamos do Bitcoin? O sistema de Reserva Fracionária

By Melissa Eggersman - min. de leitura
Atualizado 04 junho 2020

Estamos continuando com a nossa série adaptada do Crypto Briefing para tentar explicar por que precisamos do Bitcoin. E para isso, já falamos do Ouro vs Bitcoin e também de como o dinheiro nasceu. Afinal, precisamos entender sobre o sistema financeiro antes de entender porque o Bitcoin é tão importante.

Você pode ler as outras artes desta série nestes links:

Hoje, vamos dar uma olhada na atual situação monetária em todo o mundo, que agora opera sob um sistema monetário fiduciário global, que depende fortemente do dólar americano para acordos entre economias nacionais.

As Reservas Fracionárias

Não se deve ignorar a importância da reserva fracionária bancária e o impacto que essa inovação teve na geração de riqueza nos últimos séculos.

Essa abordagem para gerar lucros com poupanças e empréstimos permitiu um enorme crescimento econômico, começando na Europa do século XIV.

A reserva fracionada bancária, como prática, costuma a ter seu início rastreado até a era renascentista, durante a qual essas inovações de investimento ficaram famosas através da família Medici da Itália.

Em essência, as reservas fracionárias é o ato de um banco receber um depósito de um cliente e, assim, manter uma reserva de valor atrelada ao valor do depósito. No entanto, se parasse por aí, não seria “fracionário” por natureza.

É importante ressaltar que o banco permite a retirada desses fundos a outros clientes como empréstimos, mantendo apenas uma fração do depósito original em reserva. Um exemplo simples expressa a enorme expansão monetária que pode ocorrer dentro desse sistema.

Considere o seguinte cenário: 

José deposita R$1.000 no banco. 10% do depósito deve ser mantido em reserva, de acordo com a política do banco central.

Porém, o banco pode permitir que outro cliente, João, peça emprestado até noventa por cento do depósito de R$1.000.

Os R$900 reais emprestados por João são usados para comprar uma TV nova.

O vendedor de TV  deposita os seus recém-recebidos R$900 no banco. Agora, R$1.900 existem, tendo surgido de um depósito de R$1.000.

O banco agora pode emprestar 90% dos R$900 que já estão disponíveis. Esse padrão de depósitos e empréstimos de frações continua até os R$ 1.000 que José depositou expandir a quantidade de dinheiro em circulação para aproximadamente R$ 10.000.

José poderia a qualquer momento retirar seus R$1.000, o que provavelmente não seria um problema, já que muitos outros clientes também estão depositando fundos dos quais o banco pode gerar empréstimos.

O que seria um problema, no entanto, é se José , joão, o vendedor e todos os outros depositantes nessa cadeia de poupanças e empréstimos fracionários decidissem retirar fundos de uma só vez. Isso causaria uma “corrida aos bancos”.

Sistema que, querendo ou não, lembra bastante o funcionamento das pirâmides financeiras.

Os problemas das reservas fracionárias

Essas corridas bancárias podem parecer meramente hipotéticas e improváveis de realmente acontecer, mas acontece frequentemente em sistemas de reservas fracionárias em todo o mundo.

Se um banco é suspeito de não ter fundos suficientes em reserva, os clientes podem ficar nervosos e sentir-se mais seguros financeiramente com dinheiros em mãos do que confiar na solvência do seu banco.

De tempos em tempos, corridas aos bancos ocorrem em todos os tipos de situações, mesmo em economias relativamente estáveis como os Estados Unidos.

Entre as corridas bancárias mais conhecidas, estão a de 2008 durante o colapso do sistema habitacional dos EUA, quando o banco IndyMac viu os depositantes sacarem aproximadamente 7,5% dos depósitos do banco depois de descobrir que o banco não era solvente.

Outros bancos conhecidos, como Washington Mutual e  o Wachovia , faliram na mesma época devido a enormes corridas bancárias, enquanto os depositantes corriam para retirar seus fundos no pânico causado pelo colapso do empréstimo habitacional.

Apesar desses fiascos, os bancos em todo o mundo continuam operando com reservas fracionárias, emprestando fundos muito além da oferta monetária real disponível para eles em depósitos.

Nos Estados Unidos, a maioria dos bancos de tamanho significativo é obrigada a manter cerca de 10% dos depósitos em reserva, como o valor usado em nosso exemplo anterior.

Para cada país, o Banco Central e as autoridades financeiras podem aumentar ou diminuir as regras para reservas fracionárias e isso tem um grande impacto na economia.

Os bancos também podem obter juros sobre as reservas como incentivo para manter uma quantidade saudável disponível, embora a porcentagem exata que constitui uma “reserva saudável” seja altamente subjetiva.

A União Europeia, por exemplo, operando sob as regras do Banco Central Europeu, exige apenas que os bancos mantenham 1% dos depósitos em reserva.

Isso significa que 99% dos depósitos podem ser recirculados de volta à economia, essencialmente fabricando dinheiro com trilhos de segurança extremamente finos para manter as coisas funcionando.

A possibilidade de corridas bancárias se torna significativamente mais provável nesses cenários. Surpreendentemente, os bancos centrais do Canadá, Suécia e Austrália não têm nenhum tipo de regra reserva!

O Bitcoin pode sim ser usado em reservas fracionárias, assim como a própria Tether é acusada de fazer. Mas é uma pratica muito mais associada ao sistema financeiro tradicional.

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