A adoção das criptomoedas no Brasil, onde estamos e o que vamos enfrentar?

A adoção das criptomoedas no Brasil, onde estamos e o que vamos enfrentar?

By Melissa Eggersman - min. de leitura
Atualizado 01 junho 2021

 

A adoção deve ser encarada com o principal desafio do criptomercado. Esse é o objetivo maior de todas as criptomoedas e de todas as empresas ligadas ao setor. Por mais que muitos gostem de ganhar dinheiro com a especulação, o Bitcoin e as outras altcoins foram criadas para muito além disso, elas foram criadas para terem um uso.

Apesar de haver diversos pontos que determinam a “saúde” de um projeto, a sua adoção em diferentes setores vai sempre ser o mais importante.

Moedas como o XRP ou a XLM têm como objetivo final o uso por grandes instituições financeiras, funcionando como uma ferramenta para transações entre bancos e seus grandes clientes. Já o Ethereum, o EOS e outras, querem criar muito mais do que uma solução de pagamentos, elas estão atrás do mercado de aplicativos descentralizados (dapps). Mas a moeda original, que é o Bitcoin, o Dash, o Litecoin, o Monero e muitas outras ainda tem o objetivo de se tornar o dinheiro digital.

Para que uma moeda realmente tenha algum valor (isso vale para as fiduciárias também) é preciso que ela seja aceita e possa ser usada. Isso quer dizer que, para o Bitcoin atingir o seu objetivo principal, ele precisa poder ser “gasto” em qualquer lugar. Você poderá saber que o criptomercado alcançou o patamar de poder desafiar os bancos verdadeiramente quando puder comprar pão francês com Bitcoin, sem complicações extras.

A adoção do Bitcoin no mercado brasileiro ainda engatinha, felizmente isso não é algo exclusivo do nosso país, considerando que em todos os cantos do mundo o criptomercado ainda esbarra nessa mesma barreira.

A adoção das criptomoedas no mercado brasileiro

Existem alguns locais (alguns até inusitados) que aceitam as criptomoedas como forma de pagamento para os seus produtos do dia-a-dia. O exemplo mais recente é Criptolivros, uma livraria online brasileira que aceita criptomoedas. Esse é o primeiro projeto do tipo em território nacional. A Criptolivros aceita mais de 1.240 criptomoedas diferentes. Os pagamentos são processados através da plataforma CoinPayments.

Segundo o Criptolivros, o pagamento com criptomoedas reduz os preços dos livros em até 20%. Isso acontece porque a livraria precisa pagar menos intermediários para realizar as suas compras. Por exemplo, a Amazon fica 10% das compras, mais uma mensalidade de R$19,00. Já o PayPal e outras soluções de pagamentos podem abocanhar até 8% da transação.

Ao cortar os intermediários, a livraria diminui o valor total do produto, oferecendo mais vantagens para seus clientes. Isso corresponde a um dos pilares base para as criptomoedas, cortar o intermediário e dar mais poder aos usuários sobre o seu próprio dinheiro.

Você pode ler mais sobre o projeto neste post do Medium!

Outro local que aceita Bitcoins e que já falamos aqui no Guia do Bitcoin é o CineMulti, que foi o primeiro cinema brasileiro a aceitar Bitcoin. O pagamento foi possível através de terminais da empresa Bancryp.

E usando também soluções da Bancryp, a Feira Noturna de Florianópolis passou a aceitar Bitcoins para a compra de produtos orgânicos. É possível ter mais informações sobre o projeto através de um post no Medium.

Enfim, esses são alguns dos muitos exemplos que podemos usar em relação a adoção no Brasil. Isso é algo que cresce aos poucos, mas felizmente de forma estável. O surgimento dos locais que aceitam Bitcoin acompanham o quanto o mercado evolui. Não à toa que durante o boom de 2017 era possível até achar pipoqueiros aceitando Bitcoin como forma de pagamento.

Por termos uma moeda fiduciária desvalorizada em relação às principais moedas exteriores, o criptomercado tem muita força aqui no Brasil. E, se as condições continuarem favoráveis, muito provavelmente veremos um aumento orgânico em relação a aceitação e teremos mais usuários utilizando suas criptos para muito mais do que especular.

Quais são os desafios a partir de agora?

Note que nos três exemplos que demos de adoção, existe uma empresa de solução de pagamentos que permite realizar o processamento da compra. Isso ocorre porque o envio P2P de criptos é inviável para muitos lojistas, então é preciso ter algumas soluções que facilitam o uso dos ativos digitais, assim como as operadoras de cartão facilitaram o uso do dinheiro tradicional.

É preciso que mais dessas empresas continuem trabalhando junto dos lojistas para garantir uma relação melhor com os investidores no criptomercado. Felizmente, novas soluções de pagamento estão surgindo o tempo todo. Porém, ainda existem certas barreiras que a indústria de criptos como um todo precisa superar para garantir a adoção tanto no Brasil quanto no mercado global.

Temos por exemplo a volatilidade. Essa talvez seja a maior dificuldade para a aceitação em lojas. Afinal, um produto pode valer alguns satoshis em um dia e no outro ter um valor completamente diferente (apesar da relação com o real continuar a mesma). Precisamos trabalhar no ponto da volatilidade, criando maneiras de estabilizar as criptomoedas diminuindo a violenta volatilidade da grande maioria das criptos.

Neste ponto temos as stablecoins, que podem ser interessantes para uma futura adoção. Mas elas ainda são um projeto “novo” e ainda têm o que provar em um futuro próximo.

Outro problema, esse talvez o mais difícil, vem da educação financeira da população. Não apenas em relação ao criptomercado, mas a todo o setor financeiro. Quantas pessoas você conhece que realmente entendem sobre o Bitcoin e as altcoins? Sobre o uso dessas moedas, sobre a tecnologia de blockchain e além do “se subiu ou se desceu”? Pois é, ainda temos um caminho longo para garantir a adoção do conceito da criptomoeda pela população antes de pensarmos em uma adoção do ativo como uma moeda de pagamento amplamente utilizada.

Felizmente, parece que estamos no caminho certo, até mesmo no mercado brasileiro. Acreditamos que a adoção vai evoluir de forma natural e nos próximos anos veremos as plaquinhas de “aceitamos Bitcoin” se tornando cada vez mais comuns.

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