Você provavelmente já assistiu filmes com desastres onde começa com alguém avisando que notou algo estranho? Pois bem, o Bitcoin e o seu ecossistema tiveram um momento assim. Quando alguém notou que existia algo de errado no bloco número 74638.
Jeff Garzik, desenvolvedor do Bitcoin, foi quem o localizou o estranho defeito pela primeira vez, comentando sobre os resultados das transações “bastante estranhas”, que eram de 92233720368,54 BTC cada. Isso não era para acontecer.
Estávamos diante de um momento emblemático da história do Bitcoin, originalmente relatado pelo Bitcoin.com.
Este seria um momento decisivo que determinaria muitas fundações importantes para o sucesso futuro do Bitcoin.
Dentro de uma hora depois dos comentários iniciais, outro usuário do fórum iniciou um tópico intitulado “bug de overflow grave” no qual ele implorava “Precisamos de uma correção o mais rápido possível”.
O bug foi descoberto no dia 15 de agosto de 2010 e o Bitcoin tinha acabado de encontrar a sua primeira grande falha, uma que poderia arriscar todo o ecossistema.
O Bitcoin já havia passado por pelo menos quatro grandes bugs ou vulnerabilidades antes do bug de overflow que levou a criação de 184 bilhões de BTC sem nenhum motivo.
A wiki do Bitcoin lista 40 erros de vários graus de gravidade, com os mais recentes descobertos em fevereiro de 2019. O CVE-2010-5139, no entanto, era diferente de tudo que a comunidade Bitcoin já havia encontrado em 2010. Até hoje esse é um bug raro e sem igual.
O bug que Garzik descobriu no bloco 74638 foi o primeiro bug de inflação do Bitcoin. Dado que o suprimento total da criptomoeda deve chegar a 21 milhões, a adição de 184 bilhões de moedas foi, no mínimo, um grande problema.
O bug tinha causado um problema em que o valor total da transação tinha um valor negativo. No fórum, o assunto foi melhor explicado. Como colocou o usuário lfm:
“Normalmente, as entradas são iguais às saídas de uma transação. A exceção é quando há uma ‘taxa’ cobrada pela transação. A rede permite que qualquer pessoa pague voluntariamente qualquer valor por uma taxa. Portanto, quando a soma era negativa, a diferença da entrada parecia uma taxa. Isso passou por todas as verificações.”
Um invasor desconhecido descobriu o bug e o usou para gerar um número ridiculamente alto de bitcoins. Se eles visassem um total mais modesto, é possível que o ataque permanecesse desconhecida.
Porém, por causa de ganância e burrice, levou apenas 90 minutos para que o esquema fosse descoberto.
Uma vez descoberto, era inevitável que uma correção fosse implementada às pressas. Duas horas após a descoberta do CVE 2010-5139, os desenvolvedores Gavin Andresen e Satoshi Nakamoto passaram a trabalhar em uma solução. Inicialmente, a transação com 187 bilhões de Bitcoin foi retirada do bloco 74638.
“Uma vez que mais de 50% do poder do nó é atualizado e a ‘rede boa’ supera as ruins, os nós 0.3.10 dificultam a confirmação das transações malintencionadas”, assegurou Satoshi.
Cinco meses após o incidente, Satoshi deixaria a comunidade que ele fundou para sempre. Como legado, ele deixou uma criptomoeda que seria forte o suficiente para sobreviver nos próximos oito anos e desafiar os padrões financeiros.
Duas coisas importantes podem ser retiradas deste enigmático momento. A primeira é a força da comunidade e as vantagens do código aberto do Bitcoin. Afinal, se fosse uma programação proprietária, teria o erro sido descoberto a tempo de evitar danos graves à rede?
Esse seria um dos pilares das principais criptomoedas do mercado. Um ambiente onde a comunidade é tão desenvolvedora quanto a equipe inicial. Isso ajudou a tornar vários projetos (veja o Linux como exemplo) forças a serem reconhecidas dentro do setor tecnológico.
Outra coisa importante a ser tirada dessa situação é que, ao contrário o que alguns dizem, Nenhum Bitcoin é Criado do Nada. A rede é controlada com deveria.
Confira também a parte 9 da História do Bitcoin!
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