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PM de São Paulo apreende mineradora usada pelo PCC

Melissa Eggersman

Existem muitas discussões sobre o uso das criptomoedas em relação a crimes e atividades ilícitas, indo desde golpes com ICOs até os famosos scams. Porém, a Polícia Militar do estado de São Paulo se deparou com um caso único em relação ao assunto. No programa “Operação de Risco” da RedeTV, exibido no último sábado, 2, membros da polícia militar falaram sobre a apreensão de uma mineradora de Bitcoin do PCC.

Segundo os policiais envolvidos na ocorrência, esse é um caso inédito para eles. Além disso, essa é a primeira vez que se tem informações de uma organização criminosa utilizando equipamentos como esse no Brasil.

Os polícias que deram entrevista para o programa disseram que a natureza da descoberta é bem peculiar. Geralmente, quando atendem a denúncias sobre locais sendo usados como base de operações pelo PCC (popularmente chamadas de casas-bomba), o que é encontrado são armas, dinheiro ou drogas. A descoberta da mineradora exemplifica como o crime se adapta para novas tecnologias para conseguir driblar ainda mais a segurança pública.

A operação foi realizada depois que a polícia recebeu informações através do Disque-Denúncia. Segundo a denúncia, a casa estaria sendo usada por membros da facção criminosa. Quando a polícia chegou ao local, nenhuma porta estava trancada e o lugar estava completamente vazio.

Os policiais começaram a buscar pelos cômodos por qualquer sinal de atividade ilícita ou membro da organização criminosa. Porém, se surpreenderam ao se deparar com uma mineradora montada em cima de uma mesa, próxima de um cofre e uma câmera escondida disfarçada de lâmpada. Provavelmente a câmera era usada para monitorar a mineradora e é possível que alguém estivesse assistindo a ação dos policiais ao vivo.

Logo os agentes de segurança pública perceberam que o equipamento não era algo comum e falaram que “provavelmente é uma mineradora de Bitcoin”. Para esclarecer a dúvida, os polícias enviaram fotos do equipamento para um especialista que teria confirmado que a máquina era sim uma mineradora de criptos. Além da mineradora, também foi encontrado um notebook e uma máquina de passar cartões.

Após a descoberta inicial, os polícias também buscaram por algum livro registro que pudesse revelar que o local era um ponto de venda de drogas.

O que o PCC quer com o Bitcoin?

Apesar de parecer uma resposta óbvia, é interessante tentar entender o que a organização criminosa estava fazendo com uma mineradora.

Na reportagem o policial disse que, de acordo com um especialista consultado pela PM, esse equipamento é “usado para fazer a lavagem do dinheiro do tráfico” e que eles conseguem até “dobrar o valor da noite para o dia” e também que essas máquinas podem girar em torno de “1 milhão a 2 milhões por dia”.

Porém, muitos investidores do criptomercado foram rápidos em notar que tais alegações estão um pouco fora da realidade do criptomercado atual. Considerando o tamanho da mineradora, dificilmente ela seria capaz “dobrar o valor da noite para o dia” e muito menos fazer de “1 milhão a 2 milhões por dia”. Principalmente considerando que ela estava em uma casa sem refrigeração e nem parecia estar ligada à energia elétrica.

Um conceito como esse seria difícil de acreditar até mesmo em 2017, durante a alta do BTC. Portanto, se o objetivo não era minerar milhões, sobram apenas algumas poucas possibilidades. Uma delas, comentadas por alguns membros da comunidade, é que a mineradora não estava funcionando e nem funcionaria. Provavelmente a máquina seria usada para explicar os ganhos do tráfico. Considerando que ganhos com criptomoedas não precisam ser declarados, os membros do PCC poderiam usar a mineradora como desculpa para os ganhos que tinham com a venda de drogas.

Em um cenário amplamente desregulamentado, a lavagem de dinheiro usando o Bitcoin é uma possibilidade constante. Isso continua dividindo bastante os membros da comunidade, alguns acreditam que, com a regulamentação, uma atividade como essa não ocorreria mais, já outros acreditam que não faria diferença e apenas aumentaria a força do estado no controle das criptos.

Ambos os pontos de vista possuem argumentos válidos. Considerando que se ganhos com criptos fossem declarados, o PCC não poderia usar o Bitcoin para lavar dinheiro. Mas também vale a pena ressaltar que as moedas fiduciárias são regulamentadas e são a principal forma de financiamento do crime organizado.

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