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Guia simplificado para montar sua própria farm e minerar Ethereum

Ruchi Gupta

É hora de ganhar umas criptomoedas

Em março, o preço da criptomoeda Ether subiu para inéditos US$25 e hoje tá valendo mais de US$ 300. Era uma boa nova para investidores de Ethereum – plataforma de computação distribuída com base em blockchain que usa Ether como moeda – que viram o preço estagnar abaixo dos US$10 desde seu lançamento em julho de 2015.

Tal notícia teve efeito profundo na rede, já que pela primeira vez o processo de minerar Ether havia se tornado lucrativo. Há tempos eu vinha pensando em montar uma máquina para minerar Ethereum e a alta de maio pareceu ser uma boa hora para dar início ao processo. Assim sendo, vendi um pouco do Ether que tinha, comprei umas peças e me meti a aprender como montar PCs e a famigerada arte do Linux.

Mas antes de mergulhar no desnecessariamente doloroso processo de montar uma máquina dessas sendo um puta de um n00b, vamos discutir algumas informações básicas sobre Ethereum.

Minerar é o termo usado para descrever o processo de extrair criptomoedas de uma rede blockchain. No caso do Ethereum, este processo envolve computadores rodando um algoritmo de hash, que pega uma quantidade propositalmente grande de informação e a condensa em uma série de letras e números de comprimento fixo. O algoritmo usado pelo Ethereum – o ethash – faz o hash de metadados do bloco mais recente usando algo conhecido como nonce: um número binário que gera um valor de hash único. Para cada bloco novo na blockchain, a rede define um valor hash-alvo e todos os mineradores da rede tentam adivinhar o nonce que levará àquele valor.

Por conta da forma como o processo de hash criptográfico funciona, tentar adivinhar tal nonce é praticamente impossível, o que significa que a única maneira de chegar ao resultado correto é passando por todas as soluções possíveis até que a correta seja encontrada. Tudo é questão de “prova de trabalho”, ou seja, o computador que descobrir o nonce correto tem que ter mesmo tido todo o trabalho (ter utilizado todo poder computacional para rodar o algoritmo) para chegar no valor. O minerador que encontrar o nonce correto, recebe 5 ether e o processo começa novamente em um ciclo que se repete a cada 12 segundos.

Ok, esse é um resumo generalizado, mas como é minerar mesmo? Pra começo de conversa, a máquina utilizada precisará de muito poder de processamento, melhor obtido com o uso de placas de vídeo, comumente usadas no processamento de gráficos 3D de games. Por mais que seja possível minerar usando processadores comuns, as placas de vídeo são otimizadas para realizar tarefas semelhantes de maneira repetida – o que as torna perfeitas para o hashing em uma blockchain de Ethereum.

É aí que começa a dor de cabeça. Agora que o custo da eletricidade para minerar Ethereum é bem menor que o valor da moeda em si, houve uma explosão no aumento de mineradores no blockchain. Até a chegada das criptomoedas, placa de vídeo era meio que coisa de gamer mesmo, mas agora que estas também podem ser usadas para mineração, faltam placas no mercado. A não ser que você queira uma peça usada, conseguir uma placa de vídeo vai ser meio difícil agora.

Tive a sorte de conseguir seis placas RX 470 logo que o preço do Ether disparou. Mesmo assim, não foi nada fácil conseguí-las e concessões foram feitas. Melhor que nada – horas após realizar minha compra, o estoque do site foi pro saco.

Se você conseguir umas placas de vídeo, o próximo passo é descolar uma placa-mãe e fonte que aguentem todas as placas rodando ao mesmo tempo. Para tanto, comprei uma placa-mãe MSI Z170a e uma fonte Corsair de 1200 watts. Cada placa de vídeo utilizará de 100 a 250 watts, a média de mineração é de 120 watts por peça, o que deixa a máquina com um consumo total de 800 watts. Levando em conta que fontes funcionam melhor a um terço de sua carga total, os 1200 watts seriam mais que suficientes.

Você também precisará de alguns adaptadores, já que seis placas de vídeo não vão encaixar nos slots da placa-mãe. Estes permitirão também que você mantenha as placas elevadas, o que facilita na dissipação de calor e melhora o fluxo de ar da máquina.

Usei um processador Intel dual core de 2.8GHz e um pente de memória de 4GB da TForce. Não é nada absurdo, mas minerar Ethereum não exige que seu computador realize muitas tarefas simultâneas, então um processador e memória mais baratos já resolvem.

A montagem da placa-mãe: na esquerda temos a fonte de 1200 watts. Cada um destes cabos USB azuis está ligado a um adaptador que liga as placas de vídeo à placa-mãe. Crédito: Daniel Oberhaus/Motherboard

O último elemento do ponto de vista do hardware era o gabinete. Um gabinete comum não vai ter como abrigar seis placas de vídeo, então é preciso algo personalizado. Inclusive, muitas empresas vendem gabinetes específicos para mineração na internet, podendo custar até mais de US$ 150. Não pareciam ser muito difíceis de se fazer, então construí o meu com algumas peças de alumínio que pedi para cortarem na loja de ferragens da região, algumas placas de madeira para colocar a placa-mãe, uns parafusos e uma furadeira.

No final, o processo todo de criar meu próprio gabinete levou uma hora e me custou pouco menos de US$ 50. Somando ao custo total da máquina, chegamos ao valor de US$ 2000.

Com o computador montado e bonitão*, é hora de partirmos pro software.

Falando de software, as opções são relativamente limitadas: dá pra usar Windows, Linux ou ethOS. A principal vantagem do Windows é um suporte melhorado para os drivers das placas de vídeo, já o ethOS é uma versão simplificada do Linux para quem não quer aprender a mexer nele.

Devo confessar que parte do motivo para querer montar uma máquina dessas era me dar uma desculpa pra aprender Linux, então escolhi o caminho mais difícil. Primeiro tive que baixar e instalar o Xubuntu em minha placa-mãe, a versão peso-pena da distribuição do Ubuntu. O processo consistiu em gravar uma imagem num pendrive de 32GB e depois encaixá-lo na placa-mãe, nada demais.

Então tive que baixar os drivers de minhas placas AMD para que elas conseguissem se comunicar com a placa-mãe e realizar processamento paralelo. Estes drivers são disponibilizados gratuitamente no site da AMD e a instalação se dá por meio de alguns comandos no terminal do Ubuntu. Por fim, era hora de baixar o Geth, software usado para implementar comandos em meu nodo de Ethereum. Após baixar o blockchain e configurar tudo para uma carteira digital que já tinha no Mist, era hora de minerar.

Um terminal de mineração no ethOS é mais ou menos assim:

Depois de instaladas, minhas seis placas de vídeo tinham um poder de hashing de 120 MH/s – 120 milhões de operações por segundo. Após alguns ajustes, espero chegar a algo entre 125 e 130 MH/s, mas isso é o máximo que conseguirei com estas placas. Pode parecer muito, mas a média da rede era de 39.1 TH/s até a publicação desta matéria. 39 trilhões de operações por segundo, o que torna minha máquina uma gota neste oceano de processamento.

Já que se recebe Ether com base na descoberta do nonce correto, as chances aumentam com o número de operações que você consegue fazer em cada bloco. Se eu fosse fazer isso sozinho usando meu próprio computador, seriam meses até “ganhar” um único bloco.

A maioria dos outros mineradores estão nessa comigo e não tem acesso a mineradores enormes como a Genesis. De forma a melhorarem suas chances de ganhar algo, pequenos mineradores se juntam e combinam seu poder de processamento. Com o poder combinado, estes grupos conseguem solucionar um bloco em minutos, as recompensas então sendo distribuídas na proporção com que cada um contribuiu. O que significa que você pode ganhar milésimos de Ether por dia, que somam ao longo do tempo – especialmente se o preço da moeda continuar crescendo.

Cada um destes grupos tem requisitos e taxas diferentes para que você possa se associar. Por mais que eu apenas contribua com 120 MH/s no grupo que entrei, o resultado será de 35 Ether por ano para mim. Com base na dificuldade de mineração e valor da moeda atualmente, isso deve chegar na casa dos US$8.000 anuais, já líquidos de despesas com eletricidade.

Então é isso – um n00bão de Linux sem qualquer experiência na construção de PCs conseguiu botar uma máquina de mineração de Ethereum pra rodar com pouquíssima dificuldade (com exceção de uns hardwares meio defeituosos). Talvez montar um PC não seja mesmo tão complicado.

Fonte: motherboard.vice.com/pt_br/article/um-guia-simplificado-para-montar-seu-proprio-equipamento-para-farmar-ethereum

Adaptação: Guia do Bitcoin

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